Pranchas: Joias preservadas
/0 Comentários/em Notícias /por webmasterMuseu do surfe em Itanhaém
Emparedadas a menos de 10 centímetros, umas ao lado das outras, as pranchas são etiquetadas e recebem tratamento especial das mãos de Cristian, que tem a incumbência de cuidar dos restauros e manutenção já que é profissional de fiberglass, especialidade de quem mexe com fibra de vibro e resina. Cristian ainda adquiriu a técnica de produzir quilhas, hoje utilizadas pelos surfistas profissionais Binho Nunes e Gustavinho Ribeiro, ambos de Itanhaém.
“Aprendi a fazer quilhas artesanais, elas são de encaixe, molde a vácuo, com fibra de carbono. Não quebram de jeito nenhum(risos). Por causa do custo, tive de criar uma automação ao meu modo”, explica. “As pranchas do acervo têm identidade, porque foram produzidas em outros países. Aqui, é possível encontrar pranchas da Califórnia, do Havaí, uma mistura de culturas”.
Guarda-vidas há nove anos, desde que descobriu a paixão pelo esporte, Cristian reserva parte das economias para ampliar o acervo. Mesmo em dias cansativos, o surfista não abre mão de “cair” no mar. Pelo menos três dias por semana. Indagado sobre a falta de tempo para a prática do esporte, a resposta está na ponta da língua.
“Sacrifico meu almoço por 30 minutos no mar. Quando não consigo, surfo no fim da tarde”, ressalta com brilho no olhar. A Praia dos Pescadores, também conhecida como Prainha, o píer de Mongaguá e a reserva ecológica Arpoador, em Peruíbe, são as prediletas. “Já fui para o Peru para surfar, mas adoro entrar na água em Itanhaém. Esta é minha casa, meu lar”, conta.
História por trás das pranchas
Pesquisadores defendem a ideia de que o surfe tenha surgido nas Ilhas Polinésias. No Havaí, por exemplo, o esporte tornou-se uma cultura, berço para surfistas em busca de ondas que, em ventos fortes, chegam até 21 metros de altura.
“Naquela época, uma prancha chegava a pesar 20 quilos, hoje tem cerca de 2 quilos. Antes, o trabalho era mais artesanal, hoje se uma pessoa quiser uma prancha igual a do Gabriel Medina, o computador consegue calcular precisamente o tamanho e os detalhes”, exemplifica Cristian.
Com o passar dos anos, as pranchas, que antes eram de madeira, foram ganhando flexibilidade com materiais mais leves. A monoquilha (uma quilha), biquilha (duas), triquilha (três) e quadriquilha (quatro) vieram para dar direcionamento, estabilidade e projeção.
O sonho de um Museu – Colecionador de pranchas e caçador de histórias, o surfista de Itanhaém sonha em montar um museu que faria parte da história do surfe mundial, já que, atualmente, seu acervo conta com pranchas da Califórnia, Havaí e Rio de Janeiro.
Há quatro anos, o sonho de montar um espaço dedicado ao surfe surgiu. No início a ideia era expor pranchas antigas, mas com o tempo o objetivo cresceu. Itanhaém é um celeiro do surfe. Profissionais reconhecidos saíram da cidade, o grande La Barre, a Família Pupo, Binho Nunes, sem falar da nova geração, que logo estará chamando atenção nas competições nacionais e mundiais, como Gustavinho Ribeiro, já profissional, Pamela Mel, Gabriel Benetton no wakeboard, e muito mais.
“A cidade merece um museu contando toda a história da origem do surfe por daqui. Itanhaém hoje é a cidade que mais cresce no litoral Sul, linda de natureza, receptiva, parte da história do país, que que é a segunda cidade mais antiga do Brasil”, finaliza.
Fonte: Waves
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